sábado, 12 de junho de 2010
carta à D
colagem de textos coletados pela internet afora:
"André Gorz, nascido Gerhard Hirsch, (Viena, fevereiro de 1923 — Vosnon, 22 de setembro de 2007) foi um filósofo austro-francês, também conhecido pelo pseudônimo Michel Bosquet. Como jornalista, ajudou a fundar em 1964 o semanário Le Nouvel Observateur. Apoiador de Sartre na versão existencialista do marxismo depois da guerra, rompeu com ele após o Maio de 68. Passou a se interessar por ecologia política e tornou-se um de seus principais teóricos. Seu tema central foi o trabalho: liberação do trabalho, justa distribuição de trabalho, trabalho alienado, etc. Ele também defendeu a Renda Básica de Garantia (ou Renda básica de cidadania), que tem no Senador Eduardo M. Suplicy seu principal defensor no Brasil. Autor da obra Metamorfoses do Trabalho, na qual analisa, entre outras questões, a relação do Cálculo Contábil com a Racionalidade Econômica. André Gorz cometeu suicídio no dia 24de Setembro de 2007, aos 84 anos, porque sua mulher, Doriane, estava acometida de doença incurável, e segundo o próprio Gorz, não seria possível para ele viver um segundo sequer nesse mundo sem a presença e a companhia de sua amada. Na verdade, André Gorz, preparou duas injeções letais e deitou na cama ao lado de sua amada. Injetou a primeira em sua mulher, Dorine, e em seguida fez o mesmo no próprio corpo. Dois dias depois foram encontrados por uma amiga, na vila de Vosnon, próximo a Paris. Estavam abraçados. Ele estava com 84 anos, ela 83. Algum tempo depois, em sua casa, entre tantos tratados políticos e filosóficos são encontradas as 74 páginas escritas dois anos antes pelo suicida. Trata-se do que mais tarde seria o best seller Carta a D. – História de um amor. No Brasil, ele foi publicado pela CosacNaif."
taí o livro mais lindo de amor que já li...
em janeiro de 2009, eu estava em caraíva (o meu cantinho predileto do nosso litoral), numa casa com uma varanda enorme e cheia de redes e colchões, entre amigos muito queridos, com a maravilhosa tarefa cotidiana (quase full time) de dar cabo de parte da literatura que não consigo ler durante o semestre letivo. isto é um horror, mas só me permito este tipo de prazer durante as férias. normalmente (todos os dias) leio pilhas de textos e trechos de livros aplicados ao trabalho e vou empilhando um a um os livros, que realmente importam pra vida da gente, ao lado da cama, na espera das férias (escolares).
naquele verão baiano, eu descobri milton hatoum (dois irmãos, cinzas do norte) e decidi considera-lo o melhor escritor brasileiro atual. li tb o impressionante história do olho do bataille, e me deliciei com o divertidíssimo manual do hedonismo que ficava no banheiro para que todos lessem e marcassem a passagem (que ficava ali de presente pro próximo usuário) numa espécie de jogo praiano,... mas o que realmente me marcou foi ler o carta à D. defenssora que sou do não julgamento de quem decide morrer quando quer (e não fica esperando deus ou qualquer fatalidade decidir a hora) e também, da possibilidade de se encontrar um amor romântico, eterno e cúmplice, fiquei em êxtase. estava nas minhas mãos um texto que também era político, mas muito sincero (cheio de mea culpa) de um homem apaixonado declarando seu amor incondicional.
foi ali que decidi, depois de tantas desilusões amorosas, que eu não iria desistir de acreditar: nem na morte voluntária e nem no amor eterno.
trecho do livro:
"Mas nada disso dá conta da ligação invisível pela
qual nós nos sentimos unidos desde o início. Por mais que
tivéssemos sido profundamente diferentes, mas eu não
deixava de sentir que alguma coisa fundamental era comum
a nós, um tipo de ferida original – há pouco eu falava
de 'experiência fundadora': a experiência
da insegurança. A natureza desta não era a mesma para você e para
mim. Não importa: para ambos, ela significava que não
tínhamos um lugar assegurado no mundo, e só teríamos
aquele que fizéssemos para nós."
é isto.
um texto apaixonado no dia dos namorados.
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